História

Arquitetura de vontades

A construção do Edifício Rio Branco 1 foi uma vitória sobre o preconceito com a Praça Mauá. E uma inspiração para o Porto do Rio.

Arquitetos desejam ser artistas, somos treinados assim, buscamos o mundo da crítica erudita e da sofisticação. Nossas obras sonham com a transcendência, mas construir é muitíssimo caro. É das realizações humanas mais custosas. Não é a mesma coisa que comprar tinta e tela em branco.

Imagine então um único pintor que tenha feito 10% dos quadros do Rio de Janeiro. Seria um colosso, não? O escritório de arquitetura de Edison Musa conseguiu essa proeza na tumultuada década de 1980, quando chegou a ter, em 1983, mais de um milhão de metros quadrados construídos na cidade. Sem computador, apenas com muitas pranchetas, régua paralela, esquadros, nanquim e equipe de mais de 60 profissionais, chegou a desenvolver quatro grandes prédios por mês, no pico de produção.

Com “filial” em São Paulo, onde fez cerca de 125 prédios — 600 no Rio —, o escritório registra a história de uma produção sincera de ótimos edifícios corporativos, que envelhecem bem, mantendo integridade técnica, firmando qualidade aos endereços que ocupam. Mesmo quando acaba o promotor, como é o caso do Praia de Botafogo 300, chamado ainda de Caemi. Tais marcas são vitória de uma dimensão pouco considerada, a simpatia popular.

O acordo renovado entre a Caixa Econômica Federal e a prefeitura do Rio, injetando pouco investimento, mas muita esperança na Região Portuária, demanda rememorar empreendedores ousados de novos prédios de outrora, promovendo arquitetura e novos lugares.

Esta é também a história de Alberto Carlos Leite Oliveira, ou ACLO, ex-aluno do Colégio São Bento que teve a ideia de incorporar os imóveis gorados da ordem dos beneditinos, na mal falada Praça Mauá, em 1974. Na rua, a luxúria dos inferninhos. No alto do morro, o isolamento monástico. Entre ambos foi construído o Edifício Rio Branco 1, ou RB1, uma aula de criação de lugar e pioneirismo que poderia inspirar os descrentes com o futuro do porto.

Intelectual e conhecedor de arquitetura, o abade do colégio, Dom Inácio Accioly, alinhou-se à visão de ACLO de que a construção de um grande prédio de escritórios nos terrenos da ordem garantiriam patrimônio econômico para as atividades do monastério. Contra aqueles que julgavam loucura, pois a localização não seria nobre, juntou-se à dupla o arquiteto Edison Musa e o construtor Marcio Fortes, da João Fortes Engenharia.

Os primeiro estudos sugeririam uma arquitetura de raízes modernistas, com fachada em brise soleil, seguindo o estilo internacional acariocado. Provocados por ACLO, que lera sobre o estilo pós-moderno que florescia nos grandes edifícios estadunidenses, o grupo resolveu fazer uma viagem de um mês por Nova York, Chicago, Houston e Washington, onde visitaram escritórios como o de Cesar Pelli, SOM e Philip Johnson, cujo design para o prédio da AT&T, onde a torre organiza-se em embasamento, corpo e coroamento, inspirariam a composição da fachada do RB1, na ocasião já em obras, iniciadas em 1978 e somente concluídas em 1990. O frontão demarcando o topo do edifício, a segmentação da fachada de mais de 80 metros de comprimento em trechos menores, o uso de granito levigado fixado com grampos “a seco” em oposição ao reinado absoluto do vidro, fizeram fama. E reclamações. A crítica de arquitetura torceu o nariz. É até hoje um dos endereços mais prestigiados da avenida.

Não foi fácil obter tal resultado, entretanto. Com a ajuda de seu filho, Alberto Queyroi, recém-formado em marketing, ACLO usou estratégias de atração de serviços para o imóvel, na medida em que havia desconfiança com o endereço. Atraíram restaurantes, academias, cafés, salões de beleza, criaram área de convenções, instalaram microlâmpadas nas árvores. Pensaram na vitalidade e em detalhes. E lograram sucesso.

Arquitetura é fruto do empenho humano. De ousar construir onde não se deveria, de ter uma linguagem arquitetônica que não se deveria, de comunicar como não se deveria. E todas estas liberdades perduraram. Edison Musa mantém sua prática profissional, aos 83 anos, junto com seu filho, Paulo. Seu irmão, Edmundo Musa, mantém sua atividade em seu escritório próprio. Duas semanas atrás, o prédio da AT&T virou patrimônio cultural.

Fonte: oglobo – https://oglobo.globo.com/rio/arquitetura-de-vontades-23010326

Sobre o Relógio

  • O maior relógio do mundo, de 4 faces, é o da Central do Brasil, com 10 metros de diâmetro, o 2º maior é o da antiga Mesbla, no Passeio Público, hoje Lojas Americanas, com 9 metros de diâmetros, o 3º maior é o do RB1, com 7,80 metros de diâmetro.
  • O Big Ben, em Londres, tem 7,5 metros de diâmetro.

O que chama atenção em nosso relógio, alvo por vezes de críticas, é a grafia do número 4 em algarismos romanos com 4 repetições da letra I (IIII), forma aparentemente errada mas usada desta forma até o século XVI – como exemplo o relógio da Praça de São Marcos em Veneza que reproduz essas repetições até o número 24. Posteriormente os números romanos passaram a ser escritos da forma usualmente conhecida.

A relojoaria tradicional conserva a forma primitiva que todos os relógios clássicos apresentavam durante as décadas de 30 e 40.

A empresa responsável pela musicalização do nosso relógio foi a HORAFLEX, que também musicou os relógios do Batalhão Naval (Ilha das Cobras), Colégio Militar, Largo da Carioca e do Shopping Barra Point.

O repertório escolhido, gravado no próprio condomínio, entre músicas natalinas e de boas vindas ao Novo Ano, presenteia os usuários do prédio e a população com Cidade Maravilhosa, Jesus Alegria dos Homens, Ave Maria, Aquarela do Brasil, Luar do Sertão entre outras. Homenageamos também, nossos vizinhos da Marinha do Brasil, com Cisne Branco, sempre às 11 horas.

O próximo passo da administração do RB1 será a iluminação do relógio.

Modernização

  • 2022 – Adequação à LGPD

    A implantação da Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD está a pleno vapor. Depois do mapeamento e tratamento adequado de dados sensíveis, foram feitas adequações aos contratos. Atualmente, além dos ajustes na área tecnológica, os profissionais da equipe foram treinados.

  • 2022 – Sistema CFTV

    Foram concluídos os serviços de modernização do Cricuito Fechado de TV – CFTV do edifício. Com o propósito de aprimorar a segurança dos usuários e visitantes, as câmeras foram substituídas por tecnologia sem fio (IP), que oferece melhoria na qualidade das imagens.

  • 2022 – Melhorias Elétricas

    Está em fase de ajustes finais o projeto elétrico que vai contemplar reformas, melhorias, adequação e redimensionamento da subestação que fornece energia elétrica para o Centro Empresarial Internacional do Rio – RB1.

  • 2022 – Iluminação da Fachada

    Início da obra de reativação da iluminação da fachada do RB1, utilizando a tecnologia LED.

  • 2021 – Sistema de Refrigeração

    Todo o sistema de refrigeração foi substituído por VRF que opera com máxima economia e dispõe de conceito mais moderno de operação e eficiência com redução de danos ao meio ambiente pois possui filtragem fina que possibilita maior controle da qualidade do ar. Além disso, o sistema é dotado de automação integral que permite a redução de custos operacionais.

  • 2017 – Reforma dos Corredores

    Neste ano, iniciamos a revitalização dos andares, para acompanhar o design do hall de entrada e manter a beleza e a funcionalidade do prédio.

  • 2011 – Hall

    Acompanhando a modernidade e a revitalização da Zona Portuária, o RB1 remodelou os halls de entrada, adequando a parte comum do prédio aos novos padrões internacionais de hall e recepção de grandes edifícios corporativos. Além da usual manutenção e da garantia de conforto ao usuário, o projeto, a cargo do arquiteto André Piva, enalteceu a elegância que sempre foi um dos atributos mais marcantes da construção, lançando mão de modernos elementos da arquitetura contemporânea.